Brasil perde 33% de suas àreas naturais, revela sstudo do MapBiomas

Desmatamento e queimada próxima à Floresta Nacional Bom Futuro, em Porto Velho, Rondônia, em outubro de 2023. © Marizilda Cruppe / Greenpeace
 

O Brasil já perdeu 33% das suas áreas naturais devido à ação humana, segundo um estudo divulgado pela MapBiomas nesta quarta-feira (21). A pesquisa, que analisou dados entre 1985 e 2023, mostra que essa perda inclui vegetação nativa dos biomas, superfícies de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas.

Segundo Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, a perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros impacta negativamente o clima regional, reduzindo a proteção natural contra eventos climáticos extremos.

Perda Significativa de Território

Nos últimos 39 anos, o Brasil perdeu 110 milhões de hectares de áreas naturais, o que equivale a 13% do território do país. Outros 20% dessas áreas já haviam sido alterados anteriormente. O levantamento também inclui dados sobre a recuperação de vegetação nativa a partir de 2008, após a regulamentação do Código Florestal, que estabeleceu sanções e compensações por danos ambientais.

Impacto nos Municípios e Biomas

Em 37% dos municípios brasileiros, houve um aumento na cobertura de vegetação nativa, enquanto 45% dos municípios sofreram uma redução nas áreas naturais. Em 18% dos municípios, as mudanças foram mínimas, com uma variação inferior a 2%.

Os biomas mais afetados foram a Amazônia, com 55 milhões de hectares de vegetação nativa suprimida, seguida pelo Cerrado (38 milhões), Caatinga (8,6 milhões) e Pampa (3,3 milhões). No Pantanal, a superfície de água sofreu uma redução drástica, passando de 21% do bioma em 1985 para apenas 4% em 2023.

Florestas Públicas e Áreas Privadas

O estudo revelou que as florestas públicas não destinadas, que representam 13% da Amazônia Legal, ainda mantêm 92% de sua área coberta por vegetação nativa. As Terras Indígenas, em especial, são as áreas mais preservadas, com uma perda de vegetação inferior a 1% nos últimos 39 anos.

Em contraste, as áreas naturais em propriedades privadas sofreram um impacto maior, com uma perda de 28% em 39 anos. Das 281 milhões de hectares convertidos pela ação humana até 2023, 60% estão em propriedades privadas, com uma expansão significativa das áreas destinadas à agricultura (228%) e à pastagem (76%) desde 1985.

Importância do Relevo e Risco Climático

O estudo também observou que terras planas nas zonas rurais foram as mais afetadas, com uma perda de 20% da cobertura nativa. Já nas zonas urbanas, as áreas de encostas, com inclinação superior a 30%, sofreram uma redução média de 3,3% ao ano na vegetação nativa.

Bárbara Costa, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e da MapBiomas, destacou que o tipo de terreno é fundamental para compreender riscos climáticos, como erosões e deslizamentos, e deve ser considerado no planejamento de zonas de conservação.

Fonte: 180Graus

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