Tarifas de Trump derrubam dólar e bolsas dos mercados globais, mas favorecem bolsa brasileira

Medidas protecionistas dos EUA afetam bolsas na Europa e Ásia, enquanto investidores no Brasil veem impacto positivo

Trump faz comentários sobre tarifas na Casa Branca — Foto: Carlos Barria/Reuters

Os mercados financeiros globais enfrentam um dia de forte turbulência nesta quinta-feira (3) após o anúncio do novo pacote tarifário do governo de Donald Trump. Enquanto bolsas nos Estados Unidos, Europa e Ásia registram quedas expressivas, o mercado brasileiro opera na contramão e apresenta alta. O fator decisivo para essa disparidade foi a tarifa de 10% aplicada sobre os produtos brasileiros, considerada mais branda do que a imposta a outros países.

Impacto no Brasil

Por volta das 11h35, o dólar registrava uma queda de 1,76%, sendo negociado a R$ 5,5985, enquanto o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira (B3), subia 0,55%, alcançando 131.907 pontos. A reação do mercado reflete a avaliação dos investidores de que as tarifas de Trump podem beneficiar as exportações brasileiras, tornando produtos nacionais mais competitivos no cenário internacional.

Especialistas apontam que, embora as novas tarifas dos EUA encareçam os produtos importados, prejudicando as economias de diversos países, a alíquota aplicada ao Brasil foi significativamente inferior à imposta a outras nações. Além disso, o aumento das tarifas sobre concorrentes diretos do Brasil pode abrir espaço para que exportadores nacionais conquistem novas fatias de mercado.

Queda global e temor de recessão nos EUA

Nos mercados internacionais, o anúncio das tarifas foi recebido com pessimismo, resultando em fortes quedas nas bolsas de valores. O temor entre investidores é que a elevação das tarifas encareça insumos e produtos finais nos EUA, pressionando a inflação e reduzindo o consumo, o que pode desacelerar a economia americana.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas globais, registrava queda de quase 2% às 9h45, atingindo sua menor cotação desde setembro do ano passado. Nos EUA, os principais índices acionários apresentavam quedas significativas por volta das 12h:

  • Dow Jones: -3,73%

  • Nasdaq 100: -4,92%

  • Nasdaq: -5,60%

  • S&P 500: -4,29%

Na Europa, os mercados também foram impactados negativamente:

  • DAX (Alemanha): -2,94%

  • CAC 40 (França): -3,33%

  • Itália 40 (Itália): -3,50%

  • IBEX 35 (Espanha): -1,06%

  • AEX (Holanda): -2,86%

O Reino Unido, que teve uma tarifa de 10% imposta sobre seus produtos, viu seu principal índice acionário, o FTSE 100, recuar 1,6%. Já na Suíça, um dos países mais afetados, com tarifas de 31%, o índice SMI caiu 2,12%.

Reação dos mercados asiáticos

A Ásia também registrou um pregão negativo, com as principais bolsas operando em queda. Os países do continente foram alguns dos mais impactados pelas medidas protecionistas de Trump, que impôs tarifas elevadas sobre produtos vindos da região. Veja o desempenho das principais bolsas asiáticas:

  • Hang Seng (Hong Kong): -1,52%

  • Nikkei 225 (Japão): -2,73%

  • Kospi (Coreia do Sul): -0,76%

  • SET (Tailândia): -0,93%

  • Nifty 50 (Índia): -0,35%

A China, segunda maior economia do mundo, foi um dos países mais afetados, com tarifas de 34%. O Vietnã, Bangladesh e a Tailândia receberam tarifas ainda mais altas, de 46%, 37% e 36%, respectivamente. Japão e Coreia do Sul também foram duramente atingidos, com alíquotas de 24% e 25%.

As novas tarifas de Trump

O pacote tarifário anunciado por Donald Trump nesta quarta-feira (2) estabelece tarifas recíprocas, ou seja, os produtos importados pelos EUA pagarão tarifas equivalentes a pelo menos metade do que é cobrado pelos países de origem sobre produtos americanos. Essa medida afeta diretamente a competitividade de diversas economias, especialmente as da Ásia e da Europa.

Trump declarou que a medida marca um "Dia da Libertação" para os EUA, argumentando que as novas taxas protegerão a indústria nacional da concorrência externa. Segundo ele, o objetivo é reduzir a dependência dos EUA de produtos estrangeiros e fortalecer a produção interna.

A Europa também foi bastante impactada pelas tarifas. O presidente norte-americano classificou os comerciantes europeus como "muito duros" e aplicou taxas significativas sobre produtos vindos do bloco. No entanto, o Brasil acabou recebendo uma das tarifas mais baixas, o que contribuiu para a reação positiva da bolsa brasileira.

Perspectivas para o mercado

Apesar da volatilidade e do impacto negativo nos mercados internacionais, especialistas acreditam que o Brasil pode sair beneficiado a médio prazo. O novo cenário pode fortalecer exportadores nacionais, especialmente no setor agropecuário e de manufaturados, que podem preencher lacunas deixadas por países atingidos por tarifas mais altas.

Contudo, economistas alertam que a instabilidade global e os riscos de desaceleração da economia americana podem ter reflexos negativos a longo prazo. A alta do Ibovespa e a queda do dólar no Brasil refletem uma avaliação momentânea dos investidores, mas os efeitos das novas tarifas devem ser acompanhados de perto para entender seu impacto real sobre a economia global e nacional.

Fonte: G1

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