Retaliação chinesa e tensão comercial global impulsionam moeda americana e pressionam mercados
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Nota de dólar — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução |
O dólar abriu esta sexta-feira (4) em forte alta frente ao real, refletindo o aumento das incertezas nos mercados globais após a China anunciar tarifas de 34% sobre as importações dos Estados Unidos. A medida é uma retaliação ao tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump, que prevê sobretaxas generalizadas a exportadores para os EUA a partir de 10 de abril. O movimento intensificou a busca por ativos considerados mais seguros, enquanto moedas emergentes e commodities sofreram fortes quedas.
A tensão comercial gerada pela escalada tarifária entre as duas maiores economias do mundo derrubou os preços do petróleo em mais de 7% e acendeu alertas sobre o risco de recessão global. Além da China, o Canadá e a União Europeia também prometeram contra-atacar as tarifas impostas pelos EUA, elevando o temor de um conflito econômico prolongado.
Cotação do dólar
Por volta das 11h54, o dólar à vista registrava alta de 3,29%, sendo negociado a R$ 5,813 na compra e R$ 5,814 na venda. No mercado futuro, o contrato para maio subia 3,11%, atingindo 5.837 pontos na B3.
Valores do dólar nesta sexta-feira:
Dólar comercial: R$ 5,785 (compra) / R$ 5,785 (venda)
Dólar turismo: R$ 5,812 (compra) / R$ 5,992 (venda)
A moeda americana já havia encerrado o pregão anterior no menor nível de 2025, mas a reviravolta no cenário internacional reverteu o movimento e impulsionou a divisa.
Impacto econômico e projeções
Com a escalada na guerra comercial, analistas passaram a antecipar cortes mais agressivos nos juros dos EUA. O mercado agora precifica uma redução acumulada de pelo menos 125 pontos-base (pb) nos juros americanos até dezembro, conforme indicado pela ferramenta de monitoramento do CME Group.
A tensão também impactou os juros futuros, que recuam em resposta à queda dos retornos dos Treasuries. O receio de uma recessão nos EUA e a possibilidade de um choque estagflacionário pesam sobre as projeções econômicas. O Bank of America estima que o PIB global pode encolher entre 0,5% e 0,7% este ano devido às tarifas recíprocas, enquanto a inflação americana poderia subir 1,5 ponto percentual. O risco de recessão nos EUA nos próximos 12 meses é calculado em 50% pelo banco.
Cenário interno: deflação do IGP-DI
No Brasil, os dados econômicos também trouxeram novidades. O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) apresentou deflação de 0,50% em março, contrastando com a alta de 1,00% em fevereiro, conforme divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado ficou próximo da estimativa mediana de queda de 0,52% apurada pela pesquisa Projeções Broadcast.
Perspectivas
A volatilidade nos mercados deve continuar no curto prazo, com atenção especial para novos desdobramentos na guerra comercial entre EUA e China. Investidores monitoram ainda os próximos passos do Federal Reserve, que pode acelerar o ciclo de cortes de juros para conter os impactos econômicos da crise tarifária.
Enquanto isso, o real e outras moedas emergentes devem seguir pressionadas, refletindo o aumento da aversão ao risco global e a incerteza sobre os rumos da economia internacional.
Fonte: Info Money