Bolsa brasileira se mantém estável, enquanto mercados globais desabam
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Foto: REUTERS/Jo Yong-Hak |
O mercado financeiro global enfrentou um dia de turbulência nesta quinta-feira (3), reflexo direto do novo pacote de tarifas de importação anunciado pelo governo de Donald Trump. Apesar do cenário de incerteza, o dólar comercial caiu expressivamente no Brasil, aproximando-se de R$ 5,60 e atingindo seu menor valor em quase seis meses. A bolsa brasileira, por sua vez, oscilou entre altas e baixas, mas encerrou o pregão praticamente estável, em contraste com o forte tombo das bolsas internacionais.
Dólar em queda e menor cotação desde outubro
O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,629, registrando uma queda de R$ 0,07 (-1,23%). Durante a sessão, a moeda norte-americana chegou a ser negociada a R$ 5,59 por volta das 12h, mas voltou a superar a marca de R$ 5,60 à medida que investidores aproveitaram a cotação reduzida para realizar compras.
Com essa performance, o dólar atingiu seu menor valor desde 14 de outubro de 2024, quando estava em R$ 5,58. No acumulado de 2025, a divisa já registra uma desvalorização de 8,91% frente ao real.
Bolsa brasileira resiste ao pessimismo global
Enquanto os mercados globais reagiram negativamente ao anúncio das novas tarifas de Trump, o Ibovespa, principal índice da B3, destoou das demais bolsas e fechou com leve queda de 0,04%, aos 131.141 pontos.
O dia foi de volatilidade: o índice caiu 0,55% logo pela manhã, por volta das 10h16, mas se recuperou e chegou a subir 0,91% às 11h09. Durante a tarde, oscilou entre leves altas e baixas, mas encerrou o pregão praticamente estável.
Reações globais: bolsas em queda e dólar pressionado
O impacto das novas tarifas foi sentido fortemente nos mercados internacionais. Trump anunciou sobretaxas de 10% para a América Latina, 20% para a Europa e uma média de 30% para a Ásia, provocando grande instabilidade financeira. Como reflexo, o dólar caiu em escala global, enquanto o euro comercial avançou 0,35%, sendo negociado a R$ 6,20.
As bolsas de valores também registraram quedas expressivas. Em Nova York, o índice Dow Jones, que representa as principais empresas industriais dos EUA, recuou 3,98%. O Nasdaq, que concentra empresas de tecnologia, teve uma desvalorização ainda mais acentuada, de 5,97%. Já o S&P 500, que mede o desempenho das 500 maiores companhias norte-americanas, caiu 4,84%. O temor dos investidores é que o tarifaço de Trump possa impactar negativamente a economia dos Estados Unidos, encarecendo produtos e reduzindo a competitividade das empresas.
Perspectivas para o Brasil e países emergentes
Diferentemente do que ocorreu nos principais mercados globais, as moedas de países emergentes se valorizaram frente ao dólar. Para analistas, o motivo foi a interpretação de que a sobretaxa de 10% imposta pelo governo Trump sobre os produtos latino-americanos foi mais branda do que o esperado. Com isso, investidores enxergaram uma oportunidade de alocação de capital em economias emergentes, impulsionando suas moedas e ajudando a conter quedas mais intensas nas bolsas locais.
Embora o cenário global continue incerto, o Brasil se beneficiou momentaneamente do movimento de reequilíbrio dos mercados. O comportamento do dólar e da bolsa nos próximos dias dependerá da evolução das tensões comerciais e da reação das empresas e governos às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Fonte: Agência Brasil