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| Prefeito faz propaganda em sua rede social: "Essa festa é para você" - Imagem reprodução |
O motivo é grave: Fartura está entre os 129 municípios reconhecidos pelo Governo do Estado como em situação de emergência por causa da seca, conforme o Decreto nº 23.699, publicado em 2 de abril. Em vídeo exibido pelo próprio prefeito Orlando Costa, durante reunião na APPM (Associação Piauiense de Municípios), a população aparece sem acesso à água, com mananciais secos, como a barragem Campo de Areia.
Apesar do cenário, a prefeitura seguiu com a divulgação da festa em suas redes sociais, prometendo um evento “histórico” e com muita “nostalgia”. No Instagram, o prefeito afirmou:
“Essa festa é para você, para o nosso povo e para a nossa cidade! Prepare-se para uma noite inesquecível, cheia de emoção, nostalgia e muita música boa!”
Crise hídrica e prioridades questionadas
A promotora Gabriela Santana contestou a realização do evento diante da gravidade da crise hídrica e da necessidade de investimento em serviços públicos essenciais. A recomendação solicita não apenas o cancelamento do show, mas também a devolução de eventuais pagamentos já efetuados à banda ou à produção do evento.
“O próprio prefeito, em entrevista à imprensa local, reconheceu os graves impactos da estiagem, relatando que os reservatórios de água estão completamente secos e que os pequenos agricultores perderam toda a produção agrícola”, frisou a promotora.
Segundo o MP, a situação do município exige prioridade na implementação de políticas públicas, sobretudo no abastecimento de água e apoio aos agricultores prejudicados pela seca. A 2ª Promotoria informou ainda que recomendações semelhantes serão expedidas a outros municípios da região da Serra da Capivara, todos afetados pela estiagem e com estruturas orçamentárias limitadas.
Evento contestado em meio à escassez
A contratação da banda Calcinha Preta, um dos grupos mais populares do gênero forró, acendeu o alerta não apenas pela dimensão do evento em um município em crise, mas pelo custo potencial envolvido — embora o cachê não tenha sido oficialmente divulgado.
Críticas partiram também de moradores e representantes do setor jurídico e ambiental. A avaliação é que, em um cenário onde mais de 2.500 habitantes estão sem água nas torneiras, a realização de uma festa dessa magnitude contrasta com a realidade local.
A prefeitura de Fartura do Piauí ainda não respondeu oficialmente à recomendação do Ministério Público, tampouco esclareceu se já houve pagamentos adiantados à banda ou à organização do evento. A recomendação, embora não tenha efeito imediato de suspensão, é um instrumento jurídico com força para subsidiar ações civis públicas caso não seja acatada.
A situação reforça o debate sobre prioridades na gestão de recursos públicos em municípios afetados por desastres ambientais, especialmente quando decisões administrativas colidem com os direitos básicos da população.
Com informações do 180Graus e Cidade Verde
