Senador admite estratégia para enfraquecer o governo e critica taxação dos mais ricos como compensação para a isenção do IR
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Foto: Pedro França/Agência Senado |
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Jair Bolsonaro, revelou em reunião privada com investidores que seu objetivo é conter o governo Lula no Congresso Nacional para enfraquecê-lo até as eleições de 2026. Em áudio obtido pelo site ICL Notícias, Nogueira afirmou que deseja o impeachment do presidente, mas considera a ideia inviável devido à sua base de apoio popular.
"Quem tira um presidente não é o Congresso, é a população. A Dilma foi afastada porque tinha apenas 7% de aprovação. O Lula tem um piso de 30%, então ele não vai cair", disse o senador. Mesmo assim, garantiu que a oposição atuará para bloquear ações do governo, criando um cenário de desgaste político e econômico até o próximo pleito presidencial.
Manobra para modificar a isenção do IR
Além da articulação política contra Lula, Ciro Nogueira abordou o projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, uma das principais bandeiras do governo. Segundo ele, seu partido pretende modificar a proposta para evitar que a compensação da perda de arrecadação recaia sobre os mais ricos.
O plano original do governo prevê que essa compensação ocorra por meio da taxação de rendimentos superiores a R$ 600 mil anuais (ou R$ 50 mil mensais), atingindo apenas 0,13% dos contribuintes. Entretanto, Nogueira argumentou que é preciso "discutir a questão da compensação" e que a oposição buscará alternativas para proteger os mais abastados.
"Não tem como um parlamentar votar contra a isenção para quem ganha até R$ 5 mil. O que precisamos discutir é a questão da compensação, a proposta que vamos fazer...", declarou.
Arthur Lira será relator do projeto
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), escolheu Arthur Lira (PP-AL) como relator da proposta de isenção do IR. O projeto prevê isenção total para rendas de até R$ 5 mil, descontos escalonados para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e manutenção da tabela atual para valores acima desse limite.
A equipe econômica estima que a medida represente uma perda de R$ 27 bilhões em arrecadação, que seria compensada pela taxação das altas rendas. A indicação de Lira foi bem recebida pelo governo, que espera a aprovação da proposta ainda este ano, com vigência a partir da declaração de 2026.
Fonte: Pensar Piauí