Cenário testado pelo instituto mostra disputa acirrada entre os três nomes; sem Lula, petistas preferem Haddad como sucessor, mas rejeição ao ministro ainda é obstáculo
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Ex-Governador do Ceará Ciro Gomes - Imagem reprodução |
SÃO PAULO — Uma eventual eleição presidencial em 2026 sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) traria uma disputa acirrada entre Ciro Gomes (PDT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), de acordo com a mais recente pesquisa do Instituto Datafolha.
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Fonte: Datafolha |
No cenário estimulado sem os dois principais protagonistas da polarização nacional, o ex-governador do Ceará aparece com 19% das intenções de voto, seguido de perto pelo governador de São Paulo, com 16%, e pelo ministro da Fazenda, com 15%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, Ciro e Tarcísio estão empatados tecnicamente, assim como Tarcísio e Haddad. Já entre Ciro e Haddad, embora tecnicamente próximos, a diferença está no limite da margem de erro, o que torna o empate entre os dois improvável.
A pesquisa foi realizada presencialmente entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 entrevistados de 16 anos ou mais, em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Ciro já concorreu à Presidência em quatro ocasiões, sendo a mais recente em 2022, quando obteve apenas 3% dos votos válidos. Tarcísio, eleito governador de São Paulo com o apoio de Bolsonaro, desponta como principal alternativa da direita caso o ex-presidente permaneça inelegível. Já Haddad é o nome mais cotado dentro do PT para suceder Lula, tendo disputado a presidência em 2018 e o governo paulista em 2022.
Também testado no cenário sem Lula e Bolsonaro, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) aparece com 12%, em empate técnico com Haddad. Outros nomes incluídos foram Ratinho Junior (PSD), com 7%; Eduardo Leite (PSDB), com 5%; Romeu Zema (Novo), com 3%; e Ronaldo Caiado (União Brasil), com 2%. Votos brancos, nulos ou nenhum candidato somam 17%, e os indecisos não pontuaram.
Com Bolsonaro no páreo, ex-presidente lidera cenário sem Lula
Em um cenário alternativo, sem Lula, mas com Bolsonaro, o ex-presidente lidera com 32% das intenções de voto. Ciro marca 20% e Haddad, 17%. Marçal tem 8% e Eduardo Leite, 6%. Brancos e nulos totalizam 15%.
Lula segue favorito e estanca queda de popularidade
Nos cenários em que Lula aparece como candidato, ele vence todos os concorrentes testados. Contra Bolsonaro, lidera com 36%, contra 30% do ex-mandatário. O Datafolha indica ainda que o petista interrompeu a tendência de queda em sua popularidade após medidas como a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000.
Apesar disso, dentro do próprio PT paira a incerteza sobre sua disposição para buscar a reeleição, especialmente por conta da idade — Lula completará 80 anos em outubro.
Petistas preferem Haddad como sucessor
Caso Lula não dispute a reeleição, 37% dos entrevistados acreditam que ele deveria apoiar Fernando Haddad. Outros nomes cotados são Geraldo Alckmin (18%), Simone Tebet (14%), Rui Costa (5%) e Gleisi Hoffmann (3%). Do total, 12% não escolheriam nenhum desses nomes, e 9% disseram não saber.
Disputa regional: Ciro no Nordeste, Tarcísio no Sudeste
A preferência por candidatos varia conforme a região. No Nordeste, Ciro lidera com 27%, seguido por Haddad (18%) e Tarcísio (12%). Já no Sudeste, Tarcísio aparece à frente, com 21%, enquanto Ciro tem 17% e Haddad, 16%.
Tarcísio também lidera entre os evangélicos, com 18% das intenções de voto, contra 13% de Ciro e apenas 8% de Haddad.
Rejeição ainda é desafio para principais nomes
Haddad tem o maior índice de rejeição entre os candidatos viáveis: 22% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Ciro tem 18% de rejeição, e Tarcísio, 13%. A rejeição a Bolsonaro, no entanto, continua a mais alta entre todos: 44%, contra 42% de Lula.
Fonte: Folha de S. Paulo