Medida imposta pelos EUA atinge exportações brasileiras em momento histórico para a indústria siderúrgica
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O presidente Donald Trump assina o polêmico decreto das sobretaxas cercado por trabalhadores do setor siderúrgico — Foto: Andrew Harrer/Bloomberg |
A partir da meia-noite desta quarta-feira (12), entram em vigor nos Estados Unidos as tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, conforme anunciado pela Casa Branca. A medida não prevê exceções ou isenções para nenhum país, incluindo o Brasil, segundo maior fornecedor de aço e ferro para o mercado norte-americano.
O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, confirmou a decisão em uma declaração à CNN, ressaltando que a taxação será aplicada a todos os parceiros comerciais, incluindo o Canadá, que lidera as exportações do setor para os EUA.
Brasil é um dos mais impactados pela decisão
A nova tarifa chega em um momento de recorde para as exportações brasileiras de aço e ferro para os EUA. Em 2024, o Brasil vendeu US$ 4,677 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em produtos siderúrgicos para o país, representando 14,9% do total importado pelos americanos – a maior participação da história brasileira nesse mercado.
Os dados são da Administração de Comércio Internacional dos EUA e mostram que o Brasil ocupa a segunda posição no fornecimento de aço e ferro para os Estados Unidos, ficando atrás apenas do Canadá (24,2%). Na sequência, aparecem México (10,1%), Coreia do Sul (5,9%) e Alemanha (4,6%).
Apesar da relevância do Brasil para o mercado siderúrgico americano, a relação comercial é ainda mais significativa para o setor brasileiro. Dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, indicam que 47,9% das exportações brasileiras de aço e ferro em 2024 tiveram como destino os Estados Unidos. O segundo maior comprador foi a China, mas com uma fatia bem menor, de 10,7%.
Impacto da tarifa no setor e no comércio global
As tarifas impostas pelo governo dos EUA fazem parte de um pacote de medidas que afetam importações anuais superiores a US$ 100 bilhões. Desse total, apenas no setor siderúrgico, os EUA importaram US$ 31,3 bilhões em aço e ferro em 2024, sendo que o Brasil figura entre os mais afetados com sua participação de US$ 4,677 bilhões.
Outros segmentos também sofrerão impactos:
- Partes de aço e ferro: Os EUA importaram US$ 49,7 bilhões nessa categoria, mas o Brasil tem uma participação menor, de US$ 306 milhões (0,6%).
- Partes de alumínio: Importações somaram US$ 27,4 bilhões, com o Brasil respondendo por US$ 272 milhões (1%) do total.
A decisão da administração Donald Trump de elevar as tarifas sobre aço e alumínio deve intensificar tensões comerciais entre os EUA e seus principais fornecedores, especialmente o Brasil. O impacto na indústria siderúrgica brasileira pode gerar revisões estratégicas na exportação e na diversificação de mercados para minimizar as perdas impostas pela nova barreira tarifária.
Fonte: CNN Brasil