Governo Lula tenta negociação para evitar guerra comercial com Washington, enquanto produtores americanos pressionam Casa Branca
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Presidente dos EUA, Donald Trump, faz seu primeiro discurso do segundo mandato em sessão conjunta do Congresso no Capitólio.Imagem: Evelyn Hockstein - 4.mar.25/REUTERS |
Em meio a tensões comerciais globais, os produtores de soja dos Estados Unidos estão criticando abertamente o presidente Donald Trump, temendo que as políticas protecionistas de sua administração favoreçam o Brasil, que poderia se tornar o grande vencedor da guerra comercial. A situação se agrava com o Brasil se preparando para uma negociação diplomática para evitar que suas exportações sejam atingidas por tarifas americanas.
Hoje, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, se reunirá virtualmente com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em busca de uma saída pacífica para evitar que o Brasil seja o próximo alvo de tarifas, após Trump ter citado o país em um discurso no Congresso, acusando-o de aplicar tarifas "injustas" contra os produtos norte-americanos.
A expectativa é que a reunião leve a um canal de diálogo entre os dois países, já que o Brasil, até o momento, aplica uma tarifa média de 2,7% sobre os bens americanos e isenta vários produtos de tarifas. Contudo, Washington aponta a tarifa de 18% sobre o etanol como uma justificativa para novas imposições.
O lobby agrícola dos EUA tem pressionado para evitar uma guerra comercial com a China, especialmente após o aumento das tarifas sobre os produtos mexicanos e canadenses, além de uma nova sobretaxa de 10% sobre as importações chinesas. A resposta de Pequim foi imediata, com tarifas retaliatórias sobre a soja americana. Com a disputa, os produtores de soja dos EUA temem perder espaço no mercado chinês para o Brasil, principal exportador de soja do mundo.
Em 2024, a China importou 69 milhões de toneladas de soja do Brasil, movimentando cerca de US$ 30 bilhões. Durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, seis dos 37 acordos assinados entre os dois países estavam diretamente ligados ao setor agrícola, com o objetivo de aumentar as exportações brasileiras para o mercado chinês. Isso, segundo especialistas, poderia render até US$ 500 milhões anuais em novos negócios.
A nova guerra comercial já tem um impacto visível nas exportações agrícolas dos EUA, que enfrentam dificuldades em retomar os volumes de vendas perdidos durante o governo Trump. Para os agricultores, o cenário é preocupante: com preços mais baixos para as commodities e custos elevados para manter as operações, as tarifas podem agravar ainda mais a situação financeira do setor.
No entanto, os produtores de soja dos EUA alertam que, com o Brasil pronto para ocupar o espaço deixado pelas dificuldades americanas, a guerra comercial pode não ser vantajosa para os Estados Unidos, já que os concorrentes brasileiros estão preparados para atender à demanda crescente da China.
Com o Brasil apresentando um aumento significativo nas exportações agrícolas, o setor agropecuário americano teme um impacto ainda maior nas relações comerciais entre os dois países, o que pode resultar em prejuízos expressivos para os produtores norte-americanos.
Além disso, a retaliação de outros países como o Canadá e o México pode agravar ainda mais a crise do setor. O México, que é o segundo maior cliente de soja americana, e o Canadá, um dos principais fornecedores de potássio e insumos agrícolas, já estão se preparando para impor tarifas de 25% sobre as importações dos EUA.
Com todos esses desafios, os agricultores dos Estados Unidos continuam pressionando a Casa Branca para reavaliar suas políticas comerciais e encontrar uma solução que evite danos irreparáveis para a economia rural americana.
Fonte: UOL