Bolsonaro e Tarcísio defendem anistia em ato esvaziado e com ataques ao STF

 Ex-presidente nega derrota em 2022 e aliados intensificam discurso contra Alexandre de Moraes

Bolsonaro durante seu discurso em ato no Rio de Janeiro - Imagem reprodução

Em uma manifestação na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados voltaram a defender a anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília. O ato, que teve público menor do que o esperado, foi marcado por críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ataques ao ministro Alexandre de Moraes e questionamentos sobre a inelegibilidade de Bolsonaro.

Apesar de a expectativa do ex-presidente ser de reunir um milhão de pessoas, o levantamento do Monitor do Debate Público do Meio Digital, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da Universidade de São Paulo (USP), apontou que cerca de 18,3 mil manifestantes compareceram ao ato. O próprio Bolsonaro reconheceu o esvaziamento, comparando com o evento de 7 de setembro de 2022, quando a presença foi estimada em 64,6 mil pessoas.

"Não derrotaram e nem derrotarão o bolsonarismo"

No primeiro evento público após ser denunciado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro afirmou que "não derrotaram e nem derrotarão o bolsonarismo". Ele defendeu a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que chamou de "historinha", e voltou a insinuar que não perdeu a eleição presidencial de 2022 de forma justa.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também discursou em defesa de Bolsonaro e da anistia, questionando a justificação para tornar o ex-presidente inelegível até 2030. "Qual a razão para afastar Jair Messias Bolsonaro das urnas? É medo de perder eleição, porque sabem que vão perder?" disse, provocando aplausos da multidão.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), reforçou o apoio ao ex-presidente e puxou um coro: "O Rio te deu quase 60% dos votos válidos na última eleição. E por isso eu gostaria que você falasse assim comigo, para que todo Brasil veja: 'Eu não errei'."

Ataques ao STF e ameaças a Alexandre de Moraes

O discurso mais agressivo do evento veio do pastor evangélico Silas Malafaia, um dos principais organizadores da manifestação. Ele chamou Moraes de "criminoso" e "ditador" e insinuou uma possível retaliação caso Bolsonaro seja preso. "Esse inquérito é imoral e ilegal porque não tem a participação do Ministério Público, artigo 129 da Constituição. Alexandre de Moraes estabelece o crime de opinião. Ele rasga o artigo 5, inciso 4, da Constituição, a liberdade de expressão, e estabelece a censura", disse o pastor.

"Preso ou morto"

Encerrando o ato, Bolsonaro reforçou sua intenção de continuar como líder da direita e fez declarações polêmicas sobre seu futuro. "Se eu estivesse aqui (no Brasil, no dia 8 de janeiro), estaria preso até hoje ou, quem sabe, morto por eles. Eu vou ser um problema para eles, preso ou morto. Mas eu deixo acesa a chama da esperança, da libertação do nosso povo."

A declaração veio em meio à expectativa pelo julgamento da 1ª Turma do STF, previsto para 25 de março, que pode tornar Bolsonaro réu por tentativa de golpe. Segundo ele, as condenações impostas aos manifestantes de 8 de janeiro foram pensadas para justificar uma pena futura contra ele.

Apoio político para a anistia

O primeiro político a discursar no ato foi o deputado federal Rodrigo Valadares (União-SE), relator do projeto de anistia no Congresso, que garantiu haver deputados suficientes para aprovar a medida. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), anunciou que vai pedir urgência na tramitação do projeto ainda nesta semana.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também reforçou sua aposta na candidatura de Bolsonaro em 2026, apesar da inelegibilidade. "Com esse governo, o combustível ficou caro. Então, volta, Bolsonaro. A carne ficou cara, então, volta, Bolsonaro. A energia ficou cara, então, volta, Bolsonaro", discursou.

Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) mirou diretamente Moraes, afirmando que seu objetivo é derrotar o "alexandrismo". "Vamos enfrentar essa ditadura judicial e fazer valer a vontade do povo", declarou.

Nos bastidores, Bolsonaro afirmou que já tem o apoio necessário para aprovar a anistia, mencionando uma conversa com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que, segundo ele, teria garantido o apoio das bancadas do partido. O PSD, no entanto, integra a base do governo Lula e comanda três ministérios, e a reportagem não conseguiu confirmar a declaração junto a Kassab.

Com discursos inflamados, público reduzido e uma agenda focada na anistia, Bolsonaro e seus aliados buscam se manter politicamente relevantes e pavimentar o caminho para as eleições de 2026.

Fonte: Terra

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