Medida de Trump impõe desafio às siderúrgicas e pode pressionar o mercado interno e a moeda nacional
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Gerdau deve ser uma das poucas siderurgicas a se beneficiar da sobretaxa do aço - magem: Divulgação/Gerdau |
A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma taxa extra de 25% sobre o aço brasileiro pode reduzir a produção nacional, provocar cortes de empregos e pressionar a cotação do dólar no Brasil. Com a nova tarifa, as siderúrgicas precisarão encontrar mercados alternativos para escoar a produção, enfrentando desafios comerciais e diplomáticos.
Impacto na siderurgia e no emprego
Os EUA são o maior comprador de aço brasileiro, respondendo por 48% das exportações do setor. Em 2024, o Brasil enviou cerca de 4 milhões de toneladas, totalizando US$ 3 bilhões em exportações. A sobretaxa imposta pelo governo americano pode tornar esse mercado menos viável, forçando as empresas a buscar novos compradores na China, Europa e países árabes.
Caso essa diversificação não seja bem-sucedida, a produção nacional pode diminuir, fornos podem ser desligados e demissões podem ocorrer, alertam especialistas. Empresas como Usiminas e CSN, que têm forte presença no Brasil, devem sentir o impacto mais diretamente. Já a Gerdau, que possui fábricas nos EUA, pode contornar os efeitos da medida ao produzir e vender localmente.
Dólar pressionado e risco de retaliação
Além do impacto na indústria, a menor entrada de dólares no Brasil pode desvalorizar o real, tornando a moeda americana mais cara. No cenário político, cresce o debate sobre uma possível retaliação brasileira às exportações americanas, especialmente no setor de tecnologia. No entanto, especialistas recomendam cautela para evitar prejuízos diplomáticos e econômicos.
A taxação do aço brasileiro pelos EUA não afeta apenas o Brasil – os próprios americanos podem sofrer com aumento dos preços do aço e alumínio no curto prazo. Com a reorganização da oferta global, a medida tende a ter impacto localizado, sem grandes alterações nos preços internacionais.
O governo brasileiro enfrenta agora o desafio de equilibrar a proteção à siderurgia nacional e a manutenção da competitividade.
Fonte: UOL