Proposta de expulsar palestinos e ocupar a Faixa de Gaza gera condenações globais e é comparada a um "crime contra a humanidade".
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O presidente dos EUA, Donald Trump; e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chegam para uma entrevista coletiva na Casa Branca — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP |
Trump sugeriu que os Estados Unidos poderiam assumir o controle de Gaza a longo prazo, transformando a região em uma "Riviera do Oriente Médio". Ele também propôs que outros países recebessem os palestinos, afirmando que Gaza é um "símbolo de morte e destruição" e que a reconstrução não deveria ser feita pelas mesmas pessoas que vivem lá.
A China foi uma das primeiras a se posicionar, alertando que se oporia à "transferência forçada" de palestinos. "Defendemos que o governo palestino sobre os palestinos é o princípio básico da governança de Gaza no pós-guerra", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian.
A Arábia Saudita, aliada tradicional dos EUA, rejeitou a proposta de forma inequívoca. "Reiteramos nossa rejeição a qualquer violação dos direitos legítimos do povo palestino, seja por meio de políticas de assentamento israelenses, anexação de terras ou deslocamento forçado", afirmou o Ministério das Relações Exteriores do país.
A Turquia, membro da Otan, também criticou duramente o plano. "Isso é inaceitável. Nem nós nem a região podemos aceitar tal ideia", disse o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan.
Na Europa, a Alemanha expressou preocupação com as consequências da proposta. "A população civil de Gaza não deve ser expulsa, e Gaza não deve ser permanentemente ocupada ou repovoada", afirmou a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock. "Isso levaria a um novo sofrimento e a um novo ódio."
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou veementemente o plano, afirmando que "os direitos palestinos legítimos não são negociáveis". Já o Hamas classificou a proposta como "racista" e "absurda". "O povo de Gaza não permitirá que tais planos sejam aprovados", disse Sami Abu Zuhri, um dos líderes do grupo.
A Rússia também se posicionou contra a iniciativa. "Há planos israelenses para assumir o controle total da Cisjordânia ocupada e tentativas de deslocar os palestinos de Gaza", disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.
A Jordânia, um dos maiores aliados dos EUA no Oriente Médio, assinou uma declaração conjunta rejeitando a proposta. O rei Abdullah II deve discutir o tema durante uma visita a Washington na próxima semana.
Nos Estados Unidos, organizações de direitos humanos e grupos de defesa dos direitos árabes condenaram o plano de Trump. A Anistia Internacional alertou que a expulsão dos palestinos de Gaza seria "equivalente a destruí-los como povo". Já o Comitê Antidiscriminação Americano-Árabe (ADC) classificou a proposta como "aterrorizante" e "insana".
Nancy Okail, presidente do Center for International Policy, comparou a iniciativa aos "capítulos mais sombrios da história". "É inconcebível que um presidente dos Estados Unidos promova o deslocamento forçado de uma população e a aquisição de um território no século 21", disse.
O Conselho de Relações Americano-Islâmicas também alertou sobre as consequências do plano, afirmando que a expulsão dos palestinos de Gaza completaria um "genocídio israelense".
A proposta de Trump para Gaza não só gerou uma onda de rejeição global, mas também levantou questões sobre o futuro da região e o papel dos Estados Unidos no conflito israelense-palestino. Enquanto líderes mundiais e organizações de direitos humanos condenam a iniciativa, o plano parece aprofundar as divisões e aumentar as tensões em um cenário já marcado por décadas de conflito.
Fonte: UOL
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