Copom eleva taxa selic para 13,25% ao ano: Impactos no crédito e na economia

 

Novos diretores do Banco Central em reunião do CopomImagem: Raphael Ribeiro/Banco Central

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira (29) elevar a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 1 ponto percentual, atingindo o patamar de 13,25% ao ano. Esta é a quarta elevação consecutiva e a segunda de mesma magnitude. A decisão foi unânime entre os nove membros do comitê e já era amplamente esperada pelo mercado financeiro, uma vez que, em dezembro, o Copom sinalizou que realizaria pelo menos mais duas altas de 1 ponto percentual nas reuniões de janeiro e março, podendo atingir 14,25% ao final do primeiro trimestre de 2025. A medida tem como principal objetivo conter a inflação, que segue acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Impactos da Alta da Selic no Crédito e na Economia

O aumento da taxa de juros tem impactos diretos sobre o custo do crédito e dos serviços financeiros, tornando mais caros os empréstimos pessoais, os financiamentos imobiliários e a compra de veículos. As empresas também sofrem com essa alta, uma vez que o custo do capital de giro e do financiamento para expansão dos negócios aumenta, o que pode desestimular investimentos e contratações.

Para o consumidor, a alta da Selic tende a resultar em juros mais elevados no cartão de crédito e nos financiamentos de bens duráveis. Empréstimos e parcelamentos ficam mais caros, reduzindo o poder de compra das famílias. Por outro lado, a medida beneficia investidores que aplicam seus recursos em títulos públicos atrelados à taxa básica, como o Tesouro Selic, e outras modalidades de renda fixa, que passam a oferecer maior retorno.

A Primeira Reunião Sob Comando de Gabriel Galípolo

Esta foi a primeira reunião do Copom sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e empossado em janeiro, sucedendo Roberto Campos Neto. Galípolo, que anteriormente atuava como diretor de Política Monetária do Banco Central, agora lidera o comitê em um momento de desafios econômicos, marcado por pressões inflacionárias e incertezas no cenário externo.

Além de Galípolo, participaram da decisão os diretores Nilton David (política monetária), Ailton de Aquino Santos (fiscalização), Izabela Correa (relacionamento institucional, cidadania e supervisão de conduta), Diogo Abry Guillen (política econômica), Gilneu Vivan (regulação), Paulo Picchetti (assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos), Renato Dias de Brito Gomes (organização do sistema financeiro) e Rodrigo Alves Teixeira (administração).

Justificativas do Copom Para o Aumento da Taxa

O Copom justificou a decisão destacando que a inflação no Brasil segue em níveis elevados e acima da meta estipulada pelo CMN. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no país, continua pressionado e acima do limite permitido, que varia entre 1,5% e 4,5% ao ano. Segundo a última edição da pesquisa Focus, divulgada pelo próprio Banco Central, a previsão para o IPCA de 2025 foi elevada pela 15ª vez consecutiva, alcançando 5,5% ao final do ano.

Outro fator apontado pelo Copom foi o cenário externo "desafiador", principalmente devido às incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos. O comitê ressaltou que ainda existem dúvidas quanto à velocidade da desaceleração econômica global e da inflação, o que afeta a postura do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

No mesmo dia da reunião do Copom, o Fed decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano, como era esperado pelo mercado. O Copom destacou que os bancos centrais das principais economias permanecem firmes na tentativa de conter a inflação em um ambiente marcado por pressões no mercado de trabalho e volatilidade financeira global.

Perspectivas para a Política Monetária Brasileira

O mercado já antecipava a alta de 1 ponto percentual na Selic em janeiro, conforme indicado na pesquisa Focus. O Copom também reafirmou a previsão de que, em março, a taxa poderá sofrer nova elevação de 1 ponto percentual, caso o cenário inflaçonário continue desfavorável. Esse planejamento poderá ser revisto caso ocorra uma mudança significativa no contexto econômico nacional ou internacional.

O Que é a Selic e Como Ela Impacta a Economia?

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Seu impacto na economia se dá de diversas formas:

  • Crédito e consumo: O aumento da Selic encarece os juros dos empréstimos, financiamentos e débitos no cartão de crédito, reduzindo o consumo e desaquecendo a economia.

  • Inflação: Em períodos de inflação alta, a elevação dos juros visa conter a demanda e pressionar os preços para baixo. Quando a inflação está sob controle, o Banco Central pode reduzir a Selic para estimular a economia.

  • Empréstimos e financiamentos: As taxas cobradas pelos bancos para financiar bens e serviços estão atreladas à variação da Selic. Com juros mais altos, a população tende a adiar compras de grande valor.

  • Investimentos: Com a alta da Selic, os investimentos de renda fixa, como títulos públicos e CDBs, se tornam mais rentáveis. Por outro lado, a bolsa de valores tende a sofrer, pois empresas encontram mais dificuldades para crescer em um ambiente de juros altos.

Com a nova alta da Selic, os próximos meses serão marcados por maior cautela no mercado financeiro e atenção redobrada do Copom quanto à evolução dos indicadores econômicos, tanto no Brasil quanto no exterior.

Fonte: UOL

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