Previsão da inflação oficial para 2023 sobe para 4,71%, enquanto projeções de crescimento do PIB e cotação do dólar também sofrem ajustes.
Marcello Casal JR - Agência Brasil |
O mercado financeiro elevou a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial da inflação no Brasil, de 4,63% para 4,71% em 2023. Os dados foram divulgados no Boletim Focus desta segunda-feira (2), elaborado pelo Banco Central com base em análises de instituições financeiras.
Inflação e Metas
A inflação projetada para 2024 também subiu, de 4,34% para 4,4%, superando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2026 e 2027, as estimativas estão em 3,81% e 3,5%, respectivamente.
A partir de 2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua de inflação, que fixa o centro em 3%, mantendo a margem de tolerância atual. Isso elimina a necessidade de o CMN determinar metas anuais.
Em outubro, o IPCA registrou alta de 0,56%, puxada principalmente por gastos com habitação e alimentos, acumulando inflação de 4,76% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE. Os dados de novembro serão divulgados no próximo dia 10.
Política Monetária e Taxa Selic
Para conter a inflação, o Banco Central mantém a taxa Selic como principal ferramenta de ajuste. Atualmente em 11,25% ao ano, a Selic foi ajustada em resposta à alta do dólar e às incertezas econômicas globais.
Após atingir 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e 2023, a Selic sofreu cortes gradativos até maio, mas voltou a subir em setembro. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 10 e 11 de dezembro, pode trazer novos ajustes.
O mercado prevê que a Selic termine 2024 em 11,75% ao ano e 2025 em 12,63%. Para 2026 e 2027, espera-se que a taxa recue para 10,5% e 9,5% ao ano, respectivamente.
Crescimento Econômico e Câmbio
As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) também foram revisadas. O crescimento projetado para 2023 subiu de 3,17% para 3,22%. No segundo trimestre, o PIB cresceu 1,4% em relação ao primeiro trimestre e 3,3% em comparação ao mesmo período de 2022.
Para 2025, o mercado espera crescimento de 1,95% no PIB, enquanto as projeções para 2026 e 2027 são de 2% para ambos os anos.
A cotação do dólar, por sua vez, deve encerrar 2023 em R$ 5,70 e 2025 em R$ 5,60, refletindo os ajustes do mercado às condições econômicas internas e externas.
Impactos na Economia
O aumento da Selic encarece o crédito e reduz a demanda, contribuindo para o controle da inflação, mas também pode dificultar a expansão econômica. Por outro lado, a redução da taxa básica tende a estimular a produção e o consumo, incentivando a atividade econômica.
As recentes revisões reforçam a necessidade de equilíbrio na política econômica para conter pressões inflacionárias sem comprometer o crescimento sustentável do país.
Fonte: Agência Brasil