Brasil lidera criação de aliança global contra a fome com apoio de 81 países e US$ 25 bilhões em recursos

Lula em pré-lançamento da Aliança Contra a Fome e Pobreza, em julhoImagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Nesta segunda-feira (18), durante a cúpula do G20, o Brasil lançou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma das principais iniciativas do governo Lula no âmbito internacional. O projeto já conta com a adesão de 81 países e um robusto aporte financeiro de instituições internacionais, somando US$ 25 bilhões.

Um esforço global para combater a fome

A aliança reúne países comprometidos com a implementação de políticas públicas para reduzir a fome e a pobreza. Embora no início tenha enfrentado resistência por parte de algumas delegações, que questionavam a criação de mais um mecanismo global sobre o tema, o governo brasileiro conseguiu consolidar apoio, aumentando o número de adesões de 41 para 81 países em poucos dias. A expectativa é atingir 100 membros em breve.

Entre os compromissos assumidos, destacam-se a expansão de programas sociais já existentes e a criação de novos projetos baseados em boas práticas de outros países, como o Brasil. Algumas nações, como a Noruega, prometeram contribuir financeiramente para a implementação dessas políticas em regiões em desenvolvimento.

Apoio financeiro inédito

Nove instituições financeiras aderiram à aliança, incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que anunciou um aporte de US$ 25 bilhões para financiar projetos na América Latina e no Caribe. Além disso, o BID destinará US$ 200 milhões em doações para ajudar países a estruturar programas sociais voltados ao combate à fome.

Outras instituições, como o Banco Mundial e o Banco dos BRICS, também se comprometeram a financiar iniciativas relacionadas ao tema, fortalecendo a capacidade de ação da aliança.

Impacto esperado

O governo brasileiro projeta que a aliança beneficiará diretamente:

  • 500 milhões de pessoas por meio de programas de transferência de renda;
  • 150 milhões de crianças com novos programas de merenda escolar;
  • 200 milhões de mulheres e crianças por meio de iniciativas de saúde materna e infantil.

Esses números são ambiciosos, mas carecem de detalhamento sobre as regiões e estratégias específicas de implementação. Ainda assim, representam um esforço significativo diante do cenário atual, em que 733 milhões de pessoas enfrentam fome no mundo, de acordo com a FAO.

Relevância histórica e desafios

O lançamento da aliança não é a primeira iniciativa de Lula nesse campo. Em 2004, ele liderou uma ação semelhante que envolveu 107 países, mas com resultados limitados. Desta vez, o governo busca garantir maior efetividade com uma estruturação mais robusta e metas concretas.

Dois escritórios serão estabelecidos para coordenar os esforços: um em Brasília, na Agência Brasileira de Cooperação, e outro em Roma, na sede da FAO. O governo planeja apresentar um balanço dos resultados após o primeiro ano de operação.

Mapa do G20: 19 países, União Europeia e União AfricanaImagem: Arte UOL

Um passo no multilateralismo

Segundo especialistas, a criação da aliança representa uma tentativa de resgatar o papel cooperativo do multilateralismo global, focando na retomada das metas 1 e 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (erradicação da pobreza e fome zero até 2030).

“A Aliança reprioriza o combate à fome e à pobreza na agenda internacional. É um pequeno salto, mas importante para avançar em um mundo cada vez mais fragmentado.” – Laura Waisbich, pesquisadora do Articulação Sul.

Embora o desafio seja grande, o Brasil espera que a aliança consiga reverter o retrocesso observado nos últimos anos e impulsionar ações coletivas em um momento crítico para a segurança alimentar global

Fonte: UOL

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