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Lula em pré-lançamento da Aliança Contra a Fome e Pobreza, em julhoImagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República |
Um esforço global para combater a fome
A aliança reúne países comprometidos com a implementação de políticas públicas para reduzir a fome e a pobreza. Embora no início tenha enfrentado resistência por parte de algumas delegações, que questionavam a criação de mais um mecanismo global sobre o tema, o governo brasileiro conseguiu consolidar apoio, aumentando o número de adesões de 41 para 81 países em poucos dias. A expectativa é atingir 100 membros em breve.
Entre os compromissos assumidos, destacam-se a expansão de programas sociais já existentes e a criação de novos projetos baseados em boas práticas de outros países, como o Brasil. Algumas nações, como a Noruega, prometeram contribuir financeiramente para a implementação dessas políticas em regiões em desenvolvimento.
Apoio financeiro inédito
Nove instituições financeiras aderiram à aliança, incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que anunciou um aporte de US$ 25 bilhões para financiar projetos na América Latina e no Caribe. Além disso, o BID destinará US$ 200 milhões em doações para ajudar países a estruturar programas sociais voltados ao combate à fome.
Outras instituições, como o Banco Mundial e o Banco dos BRICS, também se comprometeram a financiar iniciativas relacionadas ao tema, fortalecendo a capacidade de ação da aliança.
Impacto esperado
O governo brasileiro projeta que a aliança beneficiará diretamente:
- 500 milhões de pessoas por meio de programas de transferência de renda;
- 150 milhões de crianças com novos programas de merenda escolar;
- 200 milhões de mulheres e crianças por meio de iniciativas de saúde materna e infantil.
Esses números são ambiciosos, mas carecem de detalhamento sobre as regiões e estratégias específicas de implementação. Ainda assim, representam um esforço significativo diante do cenário atual, em que 733 milhões de pessoas enfrentam fome no mundo, de acordo com a FAO.
Relevância histórica e desafios
O lançamento da aliança não é a primeira iniciativa de Lula nesse campo. Em 2004, ele liderou uma ação semelhante que envolveu 107 países, mas com resultados limitados. Desta vez, o governo busca garantir maior efetividade com uma estruturação mais robusta e metas concretas.
Dois escritórios serão estabelecidos para coordenar os esforços: um em Brasília, na Agência Brasileira de Cooperação, e outro em Roma, na sede da FAO. O governo planeja apresentar um balanço dos resultados após o primeiro ano de operação.
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Mapa do G20: 19 países, União Europeia e União AfricanaImagem: Arte UOL |
Um passo no multilateralismo
Segundo especialistas, a criação da aliança representa uma tentativa de resgatar o papel cooperativo do multilateralismo global, focando na retomada das metas 1 e 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (erradicação da pobreza e fome zero até 2030).
“A Aliança reprioriza o combate à fome e à pobreza na agenda internacional. É um pequeno salto, mas importante para avançar em um mundo cada vez mais fragmentado.” – Laura Waisbich, pesquisadora do Articulação Sul.
Embora o desafio seja grande, o Brasil espera que a aliança consiga reverter o retrocesso observado nos últimos anos e impulsionar ações coletivas em um momento crítico para a segurança alimentar global
Fonte: UOL