Copom eleva Selic para 10,75% ao ano em resposta à inflação e alta do dólar

Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa Selic para 10,75% ao ano, marcando o primeiro reajuste desde agosto de 2022. A alta de 0,25 ponto percentual foi impulsionada pela recente valorização do dólar e pelas incertezas em torno da inflação. A decisão era amplamente esperada pelo mercado financeiro, que já previa um novo ciclo de aumento de juros.

Essa é a primeira elevação da Selic desde uma série de cortes iniciada no ano passado. Entre agosto de 2022 e maio deste ano, a taxa passou de 13,75% para 10,5% com sucessivos cortes. No entanto, as reuniões de junho e julho mantiveram os juros inalterados em 10,5%, até a decisão atual de elevar a taxa.

O comunicado do Copom apontou diversos fatores que justificaram o aumento, incluindo a resiliência da economia, pressões inflacionárias e o hiato do produto positivo — ou seja, a economia consumindo acima de sua capacidade de produção. Além disso, o texto alertou para a necessidade de ajustar a política monetária conforme a evolução da inflação, mas foi vago sobre o ritmo e a duração desse novo ciclo de alta dos juros.

Controle da inflação e cenário econômico

A taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. A elevação dos juros busca conter o aumento dos preços ao desestimular o consumo e encarecer o crédito. Apesar de a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ter registrado uma queda de 0,02% em agosto, o cenário futuro preocupa devido à seca prolongada e à alta das tarifas de energia, que devem pressionar os preços nos próximos meses.

As previsões para a inflação em 2024 estão próximas do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que fixou uma meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA pode, portanto, atingir até 4,5% sem ultrapassar o limite.

O Banco Central prevê que o IPCA encerrará 2024 em 4%, conforme indicado no último Relatório de Inflação divulgado em junho. No entanto, a alta do dólar e o impacto da seca podem forçar revisões dessas estimativas no próximo relatório, previsto para o final de setembro. O mercado, por sua vez, é mais pessimista e estima que a inflação fechará o ano em 4,35%, conforme o boletim Focus.

Impacto nos juros e crescimento econômico

A elevação da Selic, embora necessária para conter a inflação, tem um custo para o crescimento econômico. Juros mais altos desestimulam a produção e o consumo, tornando o crédito mais caro. O Banco Central, no entanto, elevou sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, de 2,3% para 2,96%, impulsionado pelo crescimento de 1,4% no segundo trimestre deste ano.

A taxa básica de juros também influencia diretamente o custo do crédito no país. Ao aumentar a Selic, o Banco Central busca frear o excesso de demanda que pressiona os preços, mas a decisão também torna o crédito mais caro para empresas e consumidores. Por outro lado, uma redução da Selic só pode ocorrer quando houver sinais claros de que a inflação está controlada e que os preços não correm o risco de subir descontroladamente.

O cenário atual reflete o desafio enfrentado pelo Banco Central: manter a inflação sob controle enquanto equilibra o crescimento econômico em um contexto de incertezas externas e internas.

Fonte: Agência Brasil

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