Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE, e o ministro Alexandre de Moraes - Reprodução |
As mensagens foram trocadas entre Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes no TSE, e Eduardo Tagliaferro, chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED). Em um caso específico, em 6 de dezembro de 2022, Vieira solicitou a Tagliaferro que levantasse informações sobre revistas consideradas golpistas, citando como exemplo a revista Oeste, conhecida por sua inclinação antipetista e apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Tagliaferro respondeu que a revista não continha material irregular, ao que Vieira replicou com a sugestão de usar "criatividade" para construir o relatório.
Outro alvo destacado foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cuja relação com o argentino Fernando Cerimedo, conhecido por propagar teorias conspiratórias sobre fraudes nas eleições, foi investigada. As mensagens mostram que a equipe de Moraes tentou estabelecer uma conexão entre Bolsonaro e Cerimedo para justificar ações judiciais.
Em outros episódios, Moraes pediu ajustes em relatórios sobre jornalistas e influenciadores bolsonaristas. No caso do jornalista Rodrigo Constantino, por exemplo, Airton Vieira solicitou modificações em um relatório para incluir postagens críticas às eleições ou que defendessem um golpe de Estado, omitindo menções diretas a Moraes.
O gabinete do ministro Moraes, em resposta às denúncias, afirmou que todos os procedimentos foram "oficiais e regulares", estando documentados nos inquéritos em curso no STF, com a devida participação da Procuradoria-Geral da República.
Fonte: Folha de S. Paulo