O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com o seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. - Adriano Machado/Reuters |
A investigação revelou o funcionamento de uma organização criminosa destinada a desviar e vender presentes recebidos de autoridades estrangeiras durante o governo Bolsonaro. De acordo com as regras do Tribunal de Contas da União (TCU), esses presentes deveriam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), responsável pela guarda de tais itens, que não poderiam ser incorporados ao acervo pessoal do ex-presidente.
Detalhes da Investigação
Os desvios teriam começado em meados de 2022 e se estendido até o início de 2023, com as vendas sendo operacionalizadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. A PF indiciou 11 pessoas, incluindo Mauro Cid, seu pai, general de Exército Mauro Lourenna Cid, Osmar Crivelatti, Marcelo Câmara, e o advogado Frederick Wasseff.
O indiciamento abre caminho para que o caso seja encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresentará denúncias ao Supremo contra Bolsonaro e os demais investigados.
Envolvimento e Defesas
Durante as investigações, a PF descobriu que parte das joias foi transportada para fora do país em uma mala no avião presidencial. Em um dos casos, o general Cid teria recebido US$ 68 mil pela venda de relógios Patek Philippe e Rolex. Entre os itens desviados estavam esculturas folheadas a ouro, recebidas por Bolsonaro durante uma viagem ao Bahrein em 2021.
A defesa de Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente. No entanto, o senador Flávio Bolsonaro usou as redes sociais para criticar o indiciamento, acusando a PF de perseguição. O advogado Fábio Wajngarten, também indiciado, declarou em nota que seu indiciamento é ilegal e alegou que orientou a entrega dos itens ao TCU assim que tomou conhecimento do caso.
"O pedido de indiciamento pela Polícia Federal é arbitrário, injusto e persecutório. É uma violência inominável e um atentado ao meu direito de trabalhar", afirmou Wajngarten.
Fonte: Agência Brasil