Especialistas temem intensificação da supressão da natureza, biodiversidade e poluição.
Tania Rego - Agência Brasil |
"Com o impacto de várias crises se intensificando, é hora de anteciparmos os eventos e nos protegermos contra novos desafios emergentes," declarou Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, no novo relatório intitulado 'Navegando em Novos Horizontes'.
Andersen enfatizou que o ritmo acelerado das mudanças, combinado com incertezas e avanços tecnológicos, em meio a uma turbulência geopolítica, torna qualquer país mais suscetível a desvio de rota com maior frequência e facilidade.
O PNUMA utilizou um novo sistema de previsão de tendências que revelou uma surpreendente velocidade das mudanças no atual contexto global. O relatório também identificou riscos significativos que ameaçam a prosperidade a longo prazo, a redução da pobreza e o meio ambiente. Entre esses riscos estão o uso indevido e a militarização de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) e o degelo do permafrost, uma camada permanentemente congelada do subsolo que pode liberar vírus pré-históricos prejudiciais.
Surto na Sibéria
Um exemplo alarmante desse último fenômeno é o surto de antraz na Sibéria, uma doença bacteriana que pode ser transmitida aos humanos por contato direto ou indireto com animais infectados.
Além disso, o relatório mencionou que os centros de dados que alimentam a IA e promovem a transformação digital requerem terras raras, minerais e grandes quantidades de água para sua construção e manutenção.
"A utilização da IA em sistemas de armas e aplicações militares, bem como o desenvolvimento da biologia sintética, requerem uma revisão cuidadosa do ponto de vista ambiental," alertou o PNUMA.
Outro ponto de preocupação é o aumento e a evolução da violência e dos conflitos armados, que resultam na degradação dos ecossistemas, afetando as populações vulneráveis.
"A boa notícia é que, assim como o impacto de múltiplas crises é agravado quando estão interligadas, o mesmo vale para as soluções," explicou o PNUMA.
A chave para um futuro melhor, segundo o PNUMA, é focar na equidade intergeracional e em um novo contrato social que reforcem os valores compartilhados que nos unem, em vez de nos dividir. A organização também pediu a adoção de uma governança ágil e reflexiva, além de um futuro participativo, multilateral e cooperativo, que integre as vozes de grupos tradicionalmente marginalizados, como mulheres, jovens, comunidades locais e indígenas.
Fonte: Agência Brasil