Tragédia no RS: Estudo aponta relação entre mudança climática e chuvas mais intensas no sul do Brasil

Estudo aponta aumento de 15% na intensidade das precipitações na região devido às mudanças climáticas e emissões de gases do efeito estufa.

Imagem de drone mostra avião em meio a alagamento no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, no dia 7 de maio de 2024 — Foto: Wesley Santos/Reuters

Um recente estudo realizado pelo ClimaMeter revelou que as chuvas no Rio Grande do Sul tornaram-se 15% mais intensas devido às mudanças climáticas provocadas pela ação humana. Essa análise rápida de atribuição, divulgada nesta sexta-feira, considerou dados meteorológicos dos últimos 40 anos, evidenciando a influência das atividades humanas, especialmente a emissão de gases do efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis.

O ClimaMeter, grupo internacional de cientistas, liderado por especialistas do centro de ciências climáticas da Universidade Paris-Saclay e financiado pela União Europeia e pela Agência Francesa de Investigação (CNRS), destacou que a intensificação das chuvas na região sul do país entre o final de abril e o início de maio está diretamente ligada às mudanças climáticas.

Ao analisarem os padrões climáticos nas últimas décadas, os pesquisadores observaram um aumento significativo na intensidade das depressões atmosféricas, responsáveis pelos sistemas de baixa pressão que desencadeiam as chuvas. Mesmo considerando fenômenos naturais como o El Niño, que historicamente influencia a precipitação no sul do Brasil, o estudo concluiu que a contribuição das atividades humanas é preponderante na intensificação das chuvas.

O pesquisador Davide Faranda, do Instituto Pierre-Simon Laplace de Ciências do Clima, salientou que as inundações recentes no Rio Grande do Sul foram agravadas pela queima de combustíveis fósseis, destacando a necessidade urgente de redução das emissões para conter esses impactos. Comunidades vulneráveis são as mais afetadas, ressaltando a importância de medidas proativas para proteger essas áreas e mitigar os riscos associados aos eventos climáticos extremos.

Os cientistas alertam para a urgência de ações concretas diante dessa situação, enfatizando que a continuidade e o agravamento desses eventos são iminentes caso não haja intervenção efetiva. Erika Coppola, do Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics, reforça a necessidade de focar em estratégias para cessar as emissões de gases do efeito estufa, destacando a responsabilidade humana nesse contexto.

Diante desses desafios, Luiza Vargas, coautora do estudo e graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ressalta a necessidade premente de investimentos em infraestrutura e planos de contingência para enfrentar os impactos das mudanças climáticas. A infraestrutura atual mostrou-se insuficiente diante das chuvas intensas, evidenciando a importância de medidas preventivas para proteger as comunidades vulneráveis e minimizar os danos causados por eventos extremos cada vez mais frequentes sob o cenário das mudanças climáticas.

Fonte: G1

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