O ex-comandante das Força Aérea Brasilia Carlos de Almeida Baptista Junior durante audiência pública na Câmara dos Deputados - Marcelo Camargo / Agência Brasil |
Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, afirmou à Polícia Federal que Freire Gomes, ex-comandante do Exército, comunicou que prenderia o então presidente Jair Bolsonaro caso ele tentasse promover um golpe de Estado. A declaração consta no depoimento de Baptista Júnior, parte das investigações sobre uma tentativa de golpe debatida pelo ex-presidente e seus aliados após as eleições de 2022 para impedir a posse de Lula.
Baptista Júnior relatou a ameaça de Freire Gomes no contexto em que descreveu a oposição dele e do chefe do Exército ao golpe, enquanto o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição durante discussões com Bolsonaro.
Além de indicar que Freire Gomes tentou dissuadir Bolsonaro de usar teses jurídicas como a GLO (Garantia da Lei e Ordem), estado de sítio e estado de defesa, o ex-chefe da Aeronáutica afirmou que ele próprio avisou Bolsonaro que não apoiaria uma ruptura institucional.
As declarações de Baptista Júnior corroboram as de Freire Gomes, que afirmou que apenas Garnier concordou com as ideias propostas nas minutas golpistas discutidas com Bolsonaro.
Freire Gomes disse que ele e Baptista afirmaram de forma enfática suas posições contrárias aos planos golpistas. Segundo o depoimento, eles não consideravam haver suporte jurídico para tais atitudes.
O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques ao sistema eleitoral e é alvo de outras investigações no STF. Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, poderá enfrentar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses crimes, mas as suspeitas levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados em fevereiro.
Fonte: Folha de S. Paulo
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